Reviravolta na Política Externa Americana, Governo Trump Suspende Ajuda Militar Crucial à Ucrânia
O governo do Presidente Donald Trump anunciou a interrupção do fornecimento de armamentos considerados essenciais para a defesa da Ucrânia contra a invasão russa. A medida inclui mísseis antiaéreos do sistema Patriot, projéteis utilizados por caças F-16 e munição de precisão guiada. A Casa Branca, em comunicado divulgado nesta segunda-feira (1º), após a revelação da decisão pelo site Politico, justificou a suspensão devido aos baixos níveis de estoque desses armamentos no arsenal dos Estados Unidos. Como era de se esperar, o Kremlin manifestou satisfação com a notícia.
Dmitri Peskov, porta-voz do governo russo, declarou que “quanto menos armas forem entregues, mais rapidamente o conflito irá acabar”, refletindo a posição de Moscou. Em Kiev, a notícia foi recebida com grande apreensão. O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia convocou o adido militar americano na capital para discutir a situação, e em nota oficial, reiterou a vital importância desses armamentos para a capacidade defensiva do país. Inicialmente, o governo ucraniano afirmou não ter sido notificado oficialmente sobre o corte, buscando manter um canal aberto para diálogo. No Parlamento, deputados ucranianos expressaram preocupação, salientando que o corte é particularmente problemático em face da intensificação da guerra aérea, especialmente após o maior ataque de drones e mísseis promovido pelas forças de Vladimir Putin no domingo (29), em quase três anos e meio de conflito.
O Pentágono absteve-se de divulgar dados específicos sobre quantidades ou valores envolvidos na suspensão, bem como informações sobre seus estoques estratégicos. É sabido que esses estoques têm sido utilizados não apenas para auxiliar a Ucrânia, mas também Israel, que está engajado em conflitos no Oriente Médio. Relatos não oficiais indicam que seis baterias do sistema Patriot estão atualmente em operação na Ucrânia, desempenhando um papel crucial na proteção de centros estratégicos. Embora um número incerto, estimado em duas unidades pelo site Oryx (que monitora perdas militares), tenha sido destruído.
Na semana passada, o Presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, solicitou a Trump a disponibilização de mais sete baterias do Patriot durante um encontro às margens da cúpula da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Contudo, o presidente americano indicou que avaliaria o pedido, e a resposta culminou no anúncio do corte. A medida também impacta mísseis ar-ar utilizados pelos poucos caças F-16 ucranianos, doados por nações europeias, empregados para abater drones. O quarto desses aviões à disposição de Kiev foi abatido no recente ataque de domingo. Adicionalmente, a suspensão afeta a munição de precisão, essencial para as escaramuças fronteiriças e para conter o avanço das tropas russas.
O exército de Putin tem registrado avanços significativos na Ucrânia. Nesta segunda-feira, foi anunciada a completa conquista da região de Lugansk, uma das quatro províncias anexadas ilegalmente em 2022. Além disso, as forças russas têm intensificado a pressão nas regiões norte e sul do país, e ocuparam áreas inéditas em Dnipropetrovsk, província central-sul rica em minerais estratégicos.
A suspensão da ajuda reitera a política de Trump de buscar um fim para o conflito através da pressão sobre ambas as partes, embora com uma inclinação percebida como pró-Moscou. Neste ano, sua administração limitou-se a cumprir entregas previamente acordadas durante a gestão de Joe Biden e chegou a suspender totalmente os envios em março, após um desentendimento entre o presidente americano e Zelenski no Salão Oval. Embora a ajuda tenha sido retomada, o ritmo é considerado insuficiente.
Após um esforço final do antecessor democrata, que destinou R$ 174 bilhões a Kiev entre outubro e dezembro de 2024, a ajuda aprovada decresceu para R$ 3,2 bilhões de janeiro a março, e subsequentemente cessou. Tais dados provêm do monitor do Instituto para Economia Mundial de Kiel (Alemanha), abrangendo informações até o final de abril. No período de janeiro a abril, a Europa assumiu a maior parte do auxílio, contribuindo com R$ 171 bilhões. No panorama geral do conflito, os Estados Unidos, até então, representavam o principal suporte à defesa de Kiev, com um total de R$ 416 bilhões em armas e apoio militar. O Reino Unido, que superou a Alemanha, ocupa a segunda posição, com Londres somando R$ 93,5 bilhões em assistência.



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