Investimento chinês no Brasil sobe 113%; país agora é 3º principal destino
O Brasil se consolidou como o terceiro maior destino global de investimentos chineses e o principal fora da Europa, atraindo um total de US$ 4,2 bilhões em 2024. O montante, que financiou um recorde de 39 projetos em setores diversificados, representa mais que o dobro do valor registrado no ano anterior e marca um salto significativo da nona para a terceira posição no ranking mundial, segundo um novo estudo do Conselho Empresarial Brasil China (CEBC).
Esse crescimento é impulsionado pelo fortalecimento das relações diplomáticas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping, e também por um redirecionamento estratégico de capital chinês. Em meio às tensões comerciais com os Estados Unidos sob a gestão de Donald Trump, empresas chinesas têm recuado do mercado norte-americano e expandido suas operações em economias em desenvolvimento.
O governo brasileiro vê a chegada do capital chinês de forma positiva, como um fator que pode promover um “choque de competitividade” na indústria nacional. No entanto, Uallace Moreira, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), ressalta um desafio crucial: a necessidade de que esses investimentos desenvolvam as cadeias produtivas locais. A preocupação é que muitas fábricas chinesas no país, incluindo montadoras de carros elétricos, ainda operam em um modelo de montagem final com peças importadas da China, o que limita a geração de empregos e o estímulo a novas indústrias no Brasil.
Apesar do crescimento, as empresas chinesas ainda enfrentam obstáculos no ambiente de negócios brasileiro, como um sistema tributário complexo e leis trabalhistas mais rigorosas. Um exemplo recente foi o processo movido contra a montadora BYD por supostas condições de trabalho análogas à escravidão, evidenciando as diferenças no arcabouço legal entre os dois países. Mesmo com o avanço chinês, os Estados Unidos ainda lideram como a maior fonte de investimento estrangeiro direto no Brasil, com US$ 8,5 bilhões enviados no ano passado.

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