Esquema Eleitoral em Parintins, PF Indicia Secretários de Estado e Comandantes da PM por corrupção e atentado à democracia
A Polícia Federal concluiu, na manhã desta quarta-feira (27), o inquérito policial da Operação Tupinambarana Liberta, que investigou uma complexa trama de crimes eleitorais no município de Parintins, interior do Amazonas. A investigação resultou no indiciamento formal de cinco agentes públicos pelos crimes de organização criminosa, corrupção eleitoral e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Entre os indiciados estão o ex-presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama), Armando do Valle, o ex-secretário de Cultura, Marcos Apolo Muniz, e o atual secretário de Estado de Administração, Fabrício Barbosa. Também foram indiciados o comandante das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), tenente-coronel Jackson Ribeiro, e o capitão Guilherme Navarro, chefe do setor de inteligência da unidade, ambos ainda não localizados pelas autoridades.
De acordo com as conclusões do inquérito, o grupo teria se articulado para utilizar parte da estrutura do governo estadual e o apoio de membros da força policial com o objetivo de favorecer a então candidata à prefeitura, Brena Dianná, aliada do governador Wilson Lima. A investigação aponta que o esquema envolvia práticas como a compra de votos e a criação de obstáculos para impedir o livre exercício do voto por parte dos eleitores. A Polícia Federal também reuniu indícios de que o grupo monitorava os passos de adversários políticos e até mesmo os deslocamentos das equipes federais, em uma clara tentativa de obstruir a fiscalização.
A apuração teve início em setembro de 2024, após uma reportagem exclusiva do Portal CM7 Brasil que indicava que líderes comunitários, supostamente ligados a uma facção criminosa, estariam coagindo eleitores e impedindo a campanha de certos candidatos em áreas estratégicas da cidade. O inquérito foi remetido ao Ministério Público Eleitoral, órgão que analisará o conjunto probatório e decidirá sobre as medidas judiciais cabíveis. A soma das penas previstas para os crimes investigados pode alcançar até 20 anos de reclusão.

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