Em meio a tensões entre EUA e Venezuela, Brasil realiza Operação Militar na fronteira

O Ministério da Defesa do Brasil prepara para o final de setembro a “Operação Atlas”, um amplo exercício militar conjunto na Amazônia que incluirá o deslocamento de tropas para regiões próximas à fronteira com a Venezuela. Em um cenário de crescente tensão regional, a pasta tem adotado medidas diplomáticas para desassociar a movimentação, planejada há meses, da recente crise deflagrada entre o ditador venezuelano Nicolás Maduro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A operação, que envolve Exército, Marinha e Aeronáutica, ocorrerá nos estados do Amazonas, Pará, Amapá e Roraima entre os dias 2 e 11 de outubro. Ciente do delicado contexto geopolítico, marcado pelo envio de navios de guerra americanos para o Caribe, o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, reforçou a comunicação com a embaixada da Venezuela em Brasília, assegurando que o exercício é uma atividade de rotina e não possui qualquer relação com a crise na nação vizinha. A mesma informação já havia sido transmitida previamente a todos os países fronteiriços e aos Estados Unidos.

A preocupação do governo brasileiro em evitar interpretações equivocadas sobre a Operação Atlas ocorre em um momento de notório atrito na cooperação militar entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. Autoridades de defesa relatam queixas de militares americanos sobre a participação da China em exercícios no Brasil e o recente cancelamento de uma conferência espacial conjunta.

Como consequência direta dessa indisposição, o Ministério da Defesa decidiu suspender, por tempo indeterminado, duas importantes operações conjuntas com os Estados Unidos. Foram interrompidas a Operação Formosa, principal exercício dos fuzileiros navais que contava com participação americana há uma década, e a Operação Core 2025, o maior treinamento realizado entre os exércitos brasileiro e americano, que estava previsto para novembro.