Crise de hospedagem ameaça transformar ‘COP 30 do Povo’ na mais excludente da história

Crise de hospedagem ameaça transformar ‘COP 30 do Povo’ na mais excludente da história

A 90 dias de seu início, a Conferência do Clima da ONU (COP30) em Belém está sob grave ameaça, não por disputas geopolíticas, mas por uma crise de infraestrutura hoteleira que a negligência dos governos federal e estadual transformou em um problema de última hora. Após dois anos e meio de preparação, a falta de acomodações acessíveis na cidade está gerando pedidos de mudança de sede por parte de delegações e tornando a participação de observadores da sociedade civil financeiramente inviável.

O que foi projetado para ser a “COP do Povo”, com ampla mobilização social, agora corre o risco de se tornar o encontro mais excludente da história. Os custos proibitivos de hospedagem já estão forçando uma redução drástica no número de representantes da sociedade civil global, membros de órgãos da ONU e da imprensa. A corrida, neste momento, é para evitar que líderes mundiais boicotem o evento e para garantir que todos os países consigam enviar delegações completas.

As consequências de uma conferência esvaziada são profundas. Uma participação reduzida de delegados pode comprometer a legitimidade de qualquer acordo negociado em Belém, oferecendo o pretexto ideal para nações que buscam obstruir o avanço do Acordo de Paris.

Para o Brasil, o resultado seria um vexame histórico. Para o planeta, seria uma preciosa oportunidade perdida em um momento crítico, com o aquecimento global prestes a ultrapassar a meta de 1,5 °C e com uma janela de apenas cinco anos para manter vivos os objetivos do acordo do clima.

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