Bancos voltam a cair na bolsa de valores e somam perdas de R$ 47 bi com temor de Magnitsky
Os cinco maiores bancos do Brasil registraram uma perda acumulada de R$ 47 bilhões em valor de mercado nos últimos três pregões, reflexo da crescente apreensão de investidores diante de um impasse jurídico-diplomático entre o Brasil e os Estados Unidos. O temor é de que o setor financeiro nacional sofra severas consequências devido ao conflito gerado pela aplicação da Lei Magnitsky, dos EUA, contra autoridades brasileiras.
A volatilidade acentuou-se após uma manifestação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, na última terça-feira (19). Ele indicou que leis estrangeiras, como as sanções impostas pela Casa Branca ao ministro Alexandre de Moraes, só podem ser cumpridas no Brasil mediante validação da Justiça brasileira. Esse parecer foi interpretado pelo mercado como um sinal de que as instituições financeiras poderiam ser penalizadas em território nacional caso restrinjam as movimentações financeiras de Moraes, conforme determina a norma americana.
Essa conjuntura colocou os bancos em uma posição extremamente delicada. Conforme aponta o especialista em comércio internacional Ricardo Inglez de Souza, se as instituições cumprirem a determinação do STF, correm o risco de sofrer sanções nos Estados Unidos, onde possuem operações. Por outro lado, se acatarem as restrições americanas, poderiam ser punidas por descumprir uma orientação da justiça brasileira.
O impacto no mercado foi imediato. Na terça-feira, a queda no valor de mercado dos bancos foi de R$ 41,98 bilhões. Após uma leve recuperação de R$ 1,68 bilhão na quarta-feira (20), os papéis voltaram a cair R$ 6,20 bilhões no pregão de quinta-feira (21), consolidando a perda bilionária, segundo levantamento da Elos Ayta Consultoria. A crise de confiança evidencia o risco de que o impasse afete não apenas o sistema financeiro, mas todas as empresas brasileiras com operações internacionais.

Publicar comentário