O que diz nova carta de Trump a Bolsonaro
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou seu apoio a Jair Bolsonaro, com o timbre da Casa Branca. No documento, Trump tece críticas contundentes ao sistema de Justiça brasileiro e acena com a possibilidade de novas medidas punitivas contra o Brasil, inclusive no âmbito comercial.
A mensagem, publicada por Trump em sua rede social Truth Social, intensifica o discurso de que Bolsonaro estaria sendo vítima de perseguição judicial. Na íntegra, a carta afirma:
“Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente! Não estou surpreso em vê-lo liderando nas pesquisas; você foi um líder altamente respeitado e forte que serviu bem ao seu país. Compartilho seu compromisso de ouvir a voz do povo e estou muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, vindos do atual governo. Manifestei veementemente minha desaprovação, tanto publicamente quanto por meio de nossa política tarifária. É minha sincera esperança que o Governo do Brasil mude de rumo, pare de atacar oponentes políticos e acabe com seu ridículo regime de censura. Estarei observando de perto.”
A intervenção de Trump ocorre em um momento delicado para Bolsonaro, que é réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF). A ação apura sua suposta participação em tentativa de golpe de Estado, além de outros crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro teria liderado uma organização criminosa armada para desacreditar o sistema eleitoral e incitar ataques às instituições democráticas. O julgamento no STF está em fase final, mas ainda sem data definida.
Tensão Comercial e Reações no Brasil
O envio da carta também se dá em um cenário de crescentes tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Desde que anunciou a sobretaxa contra produtos brasileiros, Trump tem vinculado decisões econômicas a questões políticas e judiciais internas do Brasil. Em declarações recentes, o presidente americano chegou a classificar o processo contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas” e sugeriu a adoção de novas sanções.
O governo brasileiro reagiu prontamente às declarações. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também acumula a pasta do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, afirmou que “não há nenhuma relação entre questões do poder judiciário e tarifas”, reforçando que o Brasil mantém a separação entre poderes como princípio fundamental do Estado Democrático de Direito.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, adotou um tom mais incisivo, classificando a carta de Trump como uma “chantagem contra o Brasil”. Para ela, o objetivo de Trump seria impor condições políticas ao país para suspender sanções econômicas, o que configuraria um ataque à soberania brasileira.
Bolsonaro, por sua vez, agradeceu publicamente a Trump em um vídeo nas redes sociais, lendo trechos da carta e reiterando que o processo no STF seria uma tentativa de “alijar a maior liderança de direita da América do Sul”.
Enquanto isso, o governo Lula busca abrir um canal de diálogo com Washington. Uma carta foi enviada à Casa Branca colocando o Brasil à disposição para negociar questões comerciais. No entanto, segundo apuração do UOL, até o momento não houve resposta formal dos americanos. Fontes próximas a Trump indicam que ele não pretende conversar diretamente com Lula por ora, mas não descartam uma negociação futura.


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